segunda-feira, 9 de novembro de 2009

POSIÇÃO DE NAPOLEÃO

Beth Nader, fotógrafa de prestígio no Espírito Santo, me ensinou que devo ser criativa ao registrar imagens. Mas algo me diz, que não era bem isso que ela quis dizer:

Essa foto foi publicada na capa do Diário do Grande ABC. Retrata a situação de um comerciante que não consegue abrir a porta da garagem de casa porque a Eletropaulo instalou o poste em local inadequado.

Era melhor ter apostado no trivial.
Será que eu preciso comentar alguma coisa?
E agora Beth? Que situação, hein?

Mais na Linha:
** "A posição de que Napoleão perdeu a guerra", conhecida também como genupeitoral, é a posição na qual o indivíduo se apóia com os joelhos e o tórax, deixando o braço no chão e o quadril levantado. Algumas pessoas acreditam que essa expressão surgiu porque Napoleão tinha problemas de trombose hemorroidária e permanecia nessa posição por horas, perdendo tempo de pensar em estratégias para a guerra. Outras, afirmam que foi assim que alguns pintores retrataram a derrota do Imperador. Se o fotografo pensou nisso ao fazer a foto, eu não sei, mas com certeza foi de muito mau gosto.


terça-feira, 3 de novembro de 2009

DOMINGO ESPETACULOSO

TV aos domingos não presta. Porém é importante assistir esporadicamente para não esquecer disso. Foi o que eu fiz nesse último fim de semana. Estava na casa da avó do meu marido. No ar: Domingo Espetacular, uma espécie de Fantástico não global.

Enquanto Gabriel, meu filho de dois anos, brinca com os primos, eu, deitada no sofá, vejo o prezado jornalista Gerson de Souza narrando a história da menina que, com apenas 14 anos, se tornou mãe de trigêmeas. Horrorizada não só com o fato, mas com a maneira que ele foi abordado, passei a me perguntar qual era a real função daquela reportagem.

Era uma menina franzina, miúda, rosto de criança, olhar ingênuo de rapariga do interior. Mal sabia utilizar as palavras e permaneceu boa parte da matéria com as mãos no bolso, cabeça para baixo e sorriso sem graça. O jornalista tratava o acontecimento em tom de festa. Descobriu que a avó e a bisavó dos bebês também tiveram filhos com quatorze anos. Praticamente uma tradição na humilde família da periferia de Foz do Iguaçu.

Será que ninguém percebeu a gravidade da situação? Todos os dias, meninas com menos de quinze anos se transformam em mães no Brasil. São crianças cuidando de outras crianças. Isso é problema social e caso de saúde pública. Não é algo lindo: é um alerta. A política de planejamento familiar possui falhas e não está chegando onde deveria ou da forma que deveria. Me parece que esse mote foi esquecido.

Eu, que só queria saber qual era a função de uma reportagem tão séria ser tratada de forma tão banal, conclui que foi apenas uma matéria para me lembrar que TV aos domingos não presta.
H.E.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

EU, JORNALISTA

Sete anos. Essa era minha idade quando entrei na redação de um jornal pela primeira vez agarrada a uma jornalista, minha tia de coração, que me convidou para conhecer seu local de trabalho. A sala, que era grande, pareceu gigantesca ao meu olhar pueril. Era movimentada e barulhenta. Porém, o som dos dedos datilografando formaram, para mim, a cadência mais encantadora. Foi ali que descobri o que escolheria para meu futuro.

Muito cedo? Talvez. O fato é que o tempo passou e minha opinião permaneceu. Quando ingressei na faculdade, as aulas fixaram ainda mais meu desejo pelo jornalismo. Admirava os mestres. Era atenciosa com as disciplinas. Sentia prazer em estudar. O período universitário foi realmente fantástico: as discussões na sala de aula, as atividades voluntárias, as matérias no jornal experimental, os programas de rádio que eram executados na hora do intervalo, a monitoria nos projetos acadêmicos, as entrevistas, as pesquisas e os estágios que agregaram experiência e conhecimento.

Aprendi que com a profissão eu poderia contribuir para que tudo pudesse funcionar melhor, que poderia fazer as pessoas refletirem sobre os atos, e convidar a todos para pensar em soluções para os problemas que nos afligem. Que eu poderia causar risos, choros e emoção. Mas que não poderia jamais deixar de cumprir meu papel social com os colegas cidadãos visando à construção de um futuro mais digno e mais justo, assim como jurei mais tarde.

[...]

Quase dezesseis anos se passaram depois da minha primeira experiência em uma redação. Muitas coisas mudaram, o som das máquinas de escrever cedeu espaço para uma batida singela do ritmo dos teclados, o dead line chega mais rápido, a informação é mais veloz. E mesmo com essas transformações, todos os dias, acordo com a certeza de que a comunicação é um fator essencial para vida. Pode ser a solução ou o problema. E o caminho que ela seguirá depende de como é conduzida. Para isso, é preciso conhecimento e sabedoria para construir os pensamentos e transformá-los em palavras. Afinal, como citou Machado de Assis, “o jornal é a locomotiva intelectual em viagem para mundos desconhecidos"*. Eu já reservei minha passagem.

*Crônica: O Jornal e O livro, de Machado de Assis. Publicado originalmente no Correio Mercantil, Rio de Janeiro, 10 e 12/01/1859.

Mais na Linha:
** O texto a cima é um trecho da minha singela autobiografia.
** Sei que estou afastada do Blog. Mas aconteceram algumas mudanças na minha vida que me fizeram parar de escrever. Mas agora, tudo se normalizou e estou "na pista". Rs!
H.E.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

MEICÔ

Depois de um dia de trabalho, Hanna chega em casa e encontra o filho de quase três anos sentado no sofá. “Mãe! ‘Meicô’!”, exclama apontando para a TV. Está passando a chamada do Mister Maker, uma das atrações do canal preferido do menino. “Senta aqui!”. Ao lado do filho a mãe assiste toda a programação, comenta, canta e brinca.

Esse é o meu retrato e o retrato da maioria das mulheres de 25 a 49 anos que possuem TV paga segundo a pesquisa do Ibope. É curioso pensar que mulheres, com filhos ou não, passam mais tempo assistindo a Discovery kids do que canais direcionados para elas, como a GNT. Devo acrescentar que apesar de curioso, esse fato é previsível e está no nível de "como é que não pensei nisso antes". Afinal, é o momento que temos com os nossos filhos e compartilhar isso é de certa forma, ficar por dentro do mundo deles. Ao contrário dos homens da mesma faixa etária que no geral, não tem paciência para assistir programas infantis (digo por experiência própria), as mulheres acabam curtindo.

Tal informação divulgada no início da semana* pode e deve mudar totalmente os anúncios dentro desses canais. Essa transformação da audiência vem acontecendo nos últimos anos, mas até então não tenho visto ações que procuram se beneficiar desse quadro. Se alguém sabe de alguma, por favor me informe.

E no mais, peço aos comunicólogos de plantão que não se afobem: tenham boas idéias na hora da inserção para não simplesmente circular propaganda de absorvente no intervalo dos Backyardigans. Poupe-nos disso. Parece óbvio, mas perante a tantas catástrofes, não custa nada lembrar.

Conheça seu target: saber o que ele quer ver e a forma que quer ser abordado. É notável que grande parte das campanhas são feitas com base no senso comum e isso, com o perdão da palavra, é burrice. Gasta-se tempo, dinheiro com idéias de pouco fundamento que circulam sem um direcionamento adequado. É preciso rever conceitos.

Enquanto tais mudanças não ocorrem, a Hanna continua assistindo aos mesmos programas do filho. Conhecendo os personagens, cantando, dançando e por que não, aprendendo?

*Coluna do Daniel Castro na Folhaonline. Para quem tem assinatura da folha ou da uol:

Mais na Linha:
**www.discoverykidsbrasil.com
Canal 45 da net. Aprenda a fazer desenhos lindos com o Mister Maker às 20h00! Não esqueça de enquadrar!
**O Shopping Metropole (São Bernardo do Campo - SP) está fazendo um evento de férias com o Mister Maker. É gratuito e domingo é o último dia para quem quiser participar.
** Ok. Eu admito. Eu adoro o Mister Maker!!!

H.E

terça-feira, 14 de julho de 2009

AUMENTA O SOM

Nem Nicola Tesla, nem Guglielmo Marconi, nem Padre Roberto Landell poderiam prever tantas transformações no rádio. Aquele antigo trambolho da casa da vovó ganhou várias formas, tamanhos e está em lugares antes inusitados como telefones, elevadores, ônibus, etc.Tal mídia tem alcance inimaginável e pode atingir públicos diversos. Para isso, basta saber utilizá-la.

Lembro que na faculdade era praticamente impossível não se apaixonar pela disciplina que nos colocava dentro de um estúdio para transmitir informações e pensamentos utilizando nossas vozes. A emoção, a criatividade, a comoção estava sempre presente para fazer o programa do intervalo ser atrativo. Garanto que dava certo!

Mas vem a decepção. Cercado pela idéia de que qualquer um pode fazer (faço link com a não obrigatoriedade de diploma para jornalista), o rádio fica no topo da lista de mídia desvalorizada. Ao nos deparar com o mercado, perdemos o desejo de seguir carreira nesse veículo. Salários baixos, pouco reconhecimento e investimento fazem com que os profissionais migrem para outras áreas, deixando esse centenário meio de comunicação a mercê do amadorismo.

Até mesmo as rádios on-line não fogem da regra (como poderiam?). Das cinco mil estações brasileiras operando pela internet, apenas 5% conseguem superar a falta de preparo*. Não apresentam vantagens nem boas idéias. E não estou falando apenas de músicas. Rádio é muito mais que isso: é informação, entretenimento, educação, dramatização e opinião. E apresenta uma grande vantagem em relação aos outros meios, pois ele não exige do público atenção exclusiva. Você dirige ouvido rádio, você escreve ouvindo rádio, você lava roupa e procura piolho na cabeça do seu filho ouvindo rádio.

Quero dizer que o rádio é ubíquo e que não entendo como uma mídia que se faz tão importante pela sua onipresença não recebe o valor merecido. É preciso abrir os olhos das empresas e fazer com elas percebam que nossos ouvidos já estão abertos. Não podemos parar nossas atividades, mas com o rádio podemos escutá-los sem ter que parar. Tesla, Marconi e Landell ficariam muito orgulhosos se a evolução se estabelecesse.

*Fonte: Revista Rolling Stone, #33, jun2009. Matéria: “Fala... Que Ninguém Escuta”, por Filipe Albuquerque.


Mais na Linha
**Escuto e é bom:
www.esculacho.com
Jornalismo com humor na rádio.
**Portal de Rádios do Brasil:
http://www.tudoradio.com/


H.E

sábado, 11 de julho de 2009

EMPRESAS E MÍDIAS SOCIAIS

- Hanna, você sabe mexer em blog?
- Sim.
- E no twitter?
- Também.
- Descobri que essas besteiras que ocupam seu tempo podem trazer dinheiro.

Diálogo recente e produtivo. Em um país onde as mídias sociais fazem tanto sucesso, investir nesses meios de comunicação tornou-se imprescindível. O que antes era ameaça, tornou-se aliado. Afinal, dentro desses veículos alternativos é possível se aproximar do seu público, descobrir o que ele pensa, o que ele deseja e mais: saber como abordá-lo. É uma vitrine de produtos, serviços e clientes. Graças a eles, tornou-se muito fácil buscar referências.

Um bom exemplo disso é o que eu vivencio na comunidade “Noivas da Grande Vitória – ES” na qual sou moderadora. Lá, as noivas se ajudam, dividindo experiências, novidades e é lógico, dando depoimentos sobre os serviços prestados. Se você quer saber se determinado Buffet realmente cumpre com o contrato, é só dar uma lida nos tópicos. Todos os prós e contras estão expostos. Se algum fornecedor vacilou, ficará registrado.

Mas não para por aí. As mídias sociais formaram uma porta para mídia de massa. Quantos escândalos são investigados a partir delas? Graças à comunidade das Noivas, os jornais regionais publicaram várias matérias denunciando um fornecedor que andou dando calote. A empresa está com o nome manchado e será difícil se reerguer diante de tantas falhas expostas.

Isso revela que as mídias sociais são bons meios de informação para se consultar antes de contratar determinado serviço ou comprar algum produto. Muitas noivas não teriam caído no golpe se tivessem procurado as referências no Orkut. Porém, elas não se esquecerão disso e na próxima vez terão mais cautela.

Dicas para investigação em mídias sociais:
- Procure saber quem é a fonte. Não confie em fakes.
- Leia sempre mais de uma referência.
- Tente contato com quem divulgou a informação.
- Veja se a empresa, ou o responsável por ela está presente no meio.


Mais na Linha:
** Segundo a Veja, 80% dos brasileiros conectados tem perfil em sites de relacionamento, que é uma mídia social.
** No mês passado, foi realizado um grande evento sobre o assunto: Social Media Brasil (www.socialmediabrasil.com.br). Com certeza, outros serão organizados. Comunicarei.
H.E.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

SOBRE CARAS E FOTOS

Considero revista o melhor veículo jornalístico que existe. É uma mídia fantástica, já que é especializada e tem o público melhor definido do que qualquer outro impresso. É por isso que não consigo passar em uma banca sem bisbilhotar tudo que está sendo exposto. E mais: se no supermercado existe uma gôndola de revistas próximo ao caixa, com certeza aparecerá uma na compra do mês.

Nessa semana, a maioria das capas das revistas foi estampada com o assunto Michael Jackson. Não poderia ser diferente. O ícone da música pop desencarnou sem muitas explicações, mas deixou um legado eterno que merece todo respeito e consideração. Assunto principal, valor notícia elevadíssimo, não tem o que discutir.

Admito que estava evitando escrever sobre esse assunto aqui. Há tanta gente falando dele, que um post meu não faria tanta diferença. Além disso, às vezes penso que muita homenagem beira o sensacionalismo que por sua vez ultrapassa a barreira do bom senso.

Enfim, entre todas as qualidades que podemos encontrar na revista, a criatividade é a que eu mais valorizo. Na revista o jornalista pode expor seu lado criativo, com textos e imagens bem elaboradas e críticas, adequando técnicas inovadoras para o público a qual se destina.

Com uma capa totalmente trash e macabra, a Caras realmente surpreendeu. Para a morte de um grande astro, a revista exagerou nas cores quentes, no fogo e na foto mal escolhida para a lápide. Ela colocou Michael no inferno! Essa foi a minha percepção quando vi a revista de longe. Ao me aproximar, percebi que ela havia ilustrado o episódio do falecimento do rei do pop com uma reza para Padre Cícero. Nada contra o Padre Cícero. Homenagens (???) desse estilo, com certeza foram e serão feitas. Só não acredito que aquela imagem é a melhor para estampar a capa de Caras.



Caras é uma revista de fofoca? Sim. É uma revista de auto-promoção? Sim. É a principal revista dos salões de beleza e consultórios de dentista? Possivelmente. No ramo dela é uma revista de boa qualidade e segue a linha da fama e do luxo. A capa dessa semana foi incoerente. Lembrando que não é a foto que esta ruim, ela possivelmente causaria um excelente impacto em outro veículo ou sendo analisada isoladamente. O que está incomodando é a falta de adequação.

Mas, isso é apenas uma opinião. Pode ser que eu tenha uma percepção errada sobre a revista. E olha que leio todas que encontro nos salões e nos consultórios odontológicos.

Mais na Linha:
**No blog "Diz que fui por aí" tem um post com uma capa criativa. Vale a pena conferir.
**O Blog Atrium também debate sobre algumas capas interessantes.
H.E.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

SUSTENTABILIDADE

Estão abertas as inscrições para o Sustentável 2009. O evento que acontecerá nos dias 4, 5 e 6 de agosto na capital paulista, tem como objetivo debater e apresentar soluções para o aumento do desenvolvimento sustentável e seu potencial para transformar a realidade mundial.

O ser sustentável está ganhando espaço. Obviamente, ainda há um caminho longo para se percorrer, porém o “start” já foi dado. Convém lembrar que o conceito de sustentabilidade ampliou-se. Antes, falava-se em crescimento causando o mínimo de impacto. Só isso já não basta. Deve-se fazer mais: além de diminuir impacto, as medidas devem apresentar resultados positivos.

O desafio maior é transformar atividade sustentável em fonte de receita e quem sabe, lucro. Muitas empresas já conquistaram tal feito e com isso, diminuíram o custo de produção e descobriram alternativas sociais e economicas, tornando-se referência mundial no reaproveitamento de resíduos.

Um bom exemplo vem da ArcelorMittal. Líder mundial na produção de aço, a siderurgia investe em soluções sustentáveis. A energia elétrica utilizada na maior planta da América latina, localizada no Espírito Santo, provém da reciclagem dos gases resultantes do processo de produção. Hoje, a empresa possui catálogo de co-produtos, ou seja, produtos elaborados com resíduos.

Mas não pensem que empresas que tomam essas medidas as fazem por serem "boazinhas". Elas são inteligentes. Já está provado que ser sustentável não se limita a questão da imagem, é fator positivo economicamente. Ao apresentar palestras sobre esse assunto, eu salientava esse ponto: não adianta fazer um discurso totalmente abstrato, lindo e florido sobre árvores, verde, etc, temos que ser objetivos: o que isso traz de benefício para empresa?

Não podemos ser hipócritas. Como profissionais, devemos aliar os interesses da empresa com os interesses gerais. A sustentabilidade é uma ponte para isso. A Comunicação é uma grande auxiliar que vai buscar, divulgar e educar os envolvidos, traduzindo, todos nós.

Eventos como o Sustentável é uma chave para o crescimento do conceito. Estive presente no ano passado e garanto que representou muito para meu crescimento profissional e pessoal. Quem tiver oportunidade, com certeza, não se arrependerá.

Mais na Linha:
** Sustentável 2009
Informações: www.sustentavel.org.br
** Conheça: CEBDS - Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável
** Idéias Sustentáveis e Pesquisa: Instituto Akatu
www.akatu.org.br
** Livro: Capitalismo na Encruzilhada, Stuart L. Hart.
O livro esclarece o desenvolvimento do conceito de sustentabilidade: origem, presente e futuro; apresenta cases; discute soluções e alternativas para o crescimento sustentável.
H.E.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

FAÇA POR MERECER

Nem tudo está perdido. É possível encontrar boas idéias por aí. Concordo que fui um tanto pessimista no último post. Afinal, é muito fácil encontrar campanhas interessantes. É por isso que custa acreditar que determinadas mensagens insistem em permanecer. Mas, deixarei isso de lado por enquanto.

Seguindo a mesma linha, devo comentar sobre a campanha do Ford Fusion: “Daqui a 5 Anos”. No início, ainda comovida pela propaganda do FIAT BlackMotion, onde a mulher é um objeto interesseiro e o homem só obtém sucesso após conquistar um bom carro, pensei que seria mais uma dessas representações de mau gosto. Eis que surpreende. Em um almoço de trabalho, fica claro que existem interesses semelhantes entre os dois protagonistas. A mulher pergunta onde seu colega gostaria de estar daqui a cinco anos. Após respondê-la, o homem faz o mesmo questionamento. A resposta dela é impressionante.

Ps1.: Mereceu exposição explícita no blog.
Ps2.: Aumenta o som que é AC/DC.

O vídeo termina com uma frase chave: “Quem dirige o novo Ford Fusion, fez por merecer”. Fantástico! Você não se torna bom por ter um carro, pelo contrário, você só terá esse carro se você for bom. Independente do gênero, não é o automóvel que construirá uma pessoa melhor. O homem não se resume a um bem material.

Além disso, a campanha coloca a mulher no mesmo patamar do homem, podendo também ser capaz. É importante lembrar que a mulher exerce 80% de influência na compra do automóvel*, ou seja, se a propaganda não chama o público feminino para ser seu aliado, certamente ficará para trás: ponto para Ford!

Obviamente não se pode fazer uma comparação tão profunda entre a campanha da Ford com a campanha da FIAT. Os públicos de interesse são distintos. Porém, retorno ao ponto dos valores que se pretende difundir com uma propaganda. Qual direção deve-se adotar para obter vendas sem ter que apelar para o negativo?

*Fonte: www.administradores.com

Mais na Linha:
**Novo Perfil da Mulher Consumidora
http://www.mundodomarketing.com.br/16,9883,novo-perfil-da-mulher-consumidora.htm
H.E.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

MAIS DO MESMO

Não há dúvidas de que a mídia reforça valores já existentes na sociedade. Aproveitar-se disso é uma boa receita para elaborar uma ação de marketing. Mas me questiono onde está a responsabilidade do comunicador? Essa reflexão veio à tona depois que eu assisti a propaganda do Fiat Stilo BlackMotion. Havia preparado um discurso agressivo que no final, me pareceu moralista demais e a linha da verdade e da hipocrisia tornou-se muito tênue. Só que ao mesmo tempo, não podia deixar de comentar sobre meus sentimentos diante da campanha.

Primeiramente, odeio propagandas que colocam a mulher como submissa, troféu de marmanjo ou símbolo de status. As mulheres ainda são criadas assim e no mundo atual, isso gera um conflito interno difícil de administrar. O fato é que elas não deveriam ser expostas dessa forma. Do outro lado, temos o homem que só obtém sucesso a partir do que ele tem. Aquele que tem mais leva o troféu. Não importa mais suas experiências, sua índole, etc. É a história do bom partido que fica ecoando em nossas cabeças.

Os veículos de comunicação estão abarrotados de mensagens desse tipo. São pequenas inserções que juntas causam possuem peso significativo. Ficamos perdidos em informações que pedem para sermos mais humanos e outras que reforçam nosso lado pernicioso. Um anjo e um capeta ao lado das nossas orelhas.

Cenas tão comuns que não causam repúdio, e sim identificação. É lamentável. Será possível vender um produto sem ter que se basear em características negativas das pessoas ou da sociedade? Eu acredito que sim. Está faltando algo novo. As pessoas almejam outra forma de abordagem, mais responsável, social e que realmente ative os valores que estão submersos. Novos rumos farão sucesso.
Continua sendo um breve discurso moralista. Mas sinto que também preciso disso.


Mais na Linha:
**Video da propaganda do Fiat Stilo BlackMotion:
H.E

quinta-feira, 18 de junho de 2009

PROFISSÃO: JORNALISTA

Ontem, quarta-feira (17/06), o STF aprovou a não obrigatoriedade do diploma de jornalista para exercício da profissão. Nosso trabalho foi comparado ao serviço de corte e costura pelo prezado ministro Gilmar Mendes, que considera que a má comunicação não coloca em risco a coletividade.

O Ministro Cezar Peluzo seguiu a mesma linha de raciocínio de Mendes, e completou dizendo que “não existe, no campo do Jornalismo, o risco que venha da ignorância de conhecimentos técnicos”. Por esses depoimentos é possível visualizar certa leiguice sobre a força que os meios de comunicação exercem sobre as culturas, os valores e as escolhas.

O jornalista é visto como a verdade. E é na faculdade que compreendemos a responsabilidade que temos como comunicador, que entendemos o impacto que gera nossas palavras, nossas escolhas e nosso comportamento como difusor de idéias. Aprendemos técnicas para emocionar, recrutar e até mesmo, despertar sentimentos latentes nos seres humanos.

Talvez nossos ministros não tenham noção do risco que tais ações podem gerar. Os maiores prejuízos não costumam causar efeitos em curto prazo, e, além disso, não costumam ser tão palpáveis como a morte de jovens causada por um motorista sem carteira (o diploma de jornalista também foi comparado a uma carteira de habilitação).

Porém, podemos considerar que Gilmar Mendes e Cezar Peluzo, no auge dos seus 53 e 67 anos respectivamente, não presenciaram em 1938 a invasão fictícia de marcianos anunciada pela emissora de rádio CBS (Columbia Broadcasting System) que deixou mais de um milhão de pessoas apavoradas. Eles e seus colegas que votaram contra a obrigatoriedade do diploma provavelmente não entendem o motivo de tanto pânico perante uma adaptação sonora da obra “A Guerra dos Mundos” de Herbert George Wells . Nem Orson Welles, diretor responsável pela transmissão, saberia responder - estudos não eram de grande interesse para ele. Tem uma solução: pergunte ao jornalista.


Mais na Linha:
** Mais sobre a invasão:
http://portal.rpc.com.br/gazetadopovo/cadernog/conteudo.phtml?id=822301

H.E.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

INAUGURAÇÃO

"Leopardos irrompem no templo e bebem até o fim o conteúdo dos vasos sacrificais; isso se repete sempre; finalmente, torna-se previsível e é incorporado ao ritual".

Inauguro meu blog com as palavras de Kafka. Acordei com essas palavras em mente. Fiquei pensando nesses leopardos. Animais que estão em todos os lugares. Bons e ruins, eles forçam a participação no ritual. Tornam-se comuns, habituais, vulgares, evidentes, imprescindíveis, banais... Afinal, quem são eles?

Sem maiores devaneios, pois sabemos que o melhor da inauguração são as taças subsequentes.

H.E.