segunda-feira, 9 de novembro de 2009

POSIÇÃO DE NAPOLEÃO

Beth Nader, fotógrafa de prestígio no Espírito Santo, me ensinou que devo ser criativa ao registrar imagens. Mas algo me diz, que não era bem isso que ela quis dizer:

Essa foto foi publicada na capa do Diário do Grande ABC. Retrata a situação de um comerciante que não consegue abrir a porta da garagem de casa porque a Eletropaulo instalou o poste em local inadequado.

Era melhor ter apostado no trivial.
Será que eu preciso comentar alguma coisa?
E agora Beth? Que situação, hein?

Mais na Linha:
** "A posição de que Napoleão perdeu a guerra", conhecida também como genupeitoral, é a posição na qual o indivíduo se apóia com os joelhos e o tórax, deixando o braço no chão e o quadril levantado. Algumas pessoas acreditam que essa expressão surgiu porque Napoleão tinha problemas de trombose hemorroidária e permanecia nessa posição por horas, perdendo tempo de pensar em estratégias para a guerra. Outras, afirmam que foi assim que alguns pintores retrataram a derrota do Imperador. Se o fotografo pensou nisso ao fazer a foto, eu não sei, mas com certeza foi de muito mau gosto.


terça-feira, 3 de novembro de 2009

DOMINGO ESPETACULOSO

TV aos domingos não presta. Porém é importante assistir esporadicamente para não esquecer disso. Foi o que eu fiz nesse último fim de semana. Estava na casa da avó do meu marido. No ar: Domingo Espetacular, uma espécie de Fantástico não global.

Enquanto Gabriel, meu filho de dois anos, brinca com os primos, eu, deitada no sofá, vejo o prezado jornalista Gerson de Souza narrando a história da menina que, com apenas 14 anos, se tornou mãe de trigêmeas. Horrorizada não só com o fato, mas com a maneira que ele foi abordado, passei a me perguntar qual era a real função daquela reportagem.

Era uma menina franzina, miúda, rosto de criança, olhar ingênuo de rapariga do interior. Mal sabia utilizar as palavras e permaneceu boa parte da matéria com as mãos no bolso, cabeça para baixo e sorriso sem graça. O jornalista tratava o acontecimento em tom de festa. Descobriu que a avó e a bisavó dos bebês também tiveram filhos com quatorze anos. Praticamente uma tradição na humilde família da periferia de Foz do Iguaçu.

Será que ninguém percebeu a gravidade da situação? Todos os dias, meninas com menos de quinze anos se transformam em mães no Brasil. São crianças cuidando de outras crianças. Isso é problema social e caso de saúde pública. Não é algo lindo: é um alerta. A política de planejamento familiar possui falhas e não está chegando onde deveria ou da forma que deveria. Me parece que esse mote foi esquecido.

Eu, que só queria saber qual era a função de uma reportagem tão séria ser tratada de forma tão banal, conclui que foi apenas uma matéria para me lembrar que TV aos domingos não presta.
H.E.