segunda-feira, 29 de junho de 2009

FAÇA POR MERECER

Nem tudo está perdido. É possível encontrar boas idéias por aí. Concordo que fui um tanto pessimista no último post. Afinal, é muito fácil encontrar campanhas interessantes. É por isso que custa acreditar que determinadas mensagens insistem em permanecer. Mas, deixarei isso de lado por enquanto.

Seguindo a mesma linha, devo comentar sobre a campanha do Ford Fusion: “Daqui a 5 Anos”. No início, ainda comovida pela propaganda do FIAT BlackMotion, onde a mulher é um objeto interesseiro e o homem só obtém sucesso após conquistar um bom carro, pensei que seria mais uma dessas representações de mau gosto. Eis que surpreende. Em um almoço de trabalho, fica claro que existem interesses semelhantes entre os dois protagonistas. A mulher pergunta onde seu colega gostaria de estar daqui a cinco anos. Após respondê-la, o homem faz o mesmo questionamento. A resposta dela é impressionante.

Ps1.: Mereceu exposição explícita no blog.
Ps2.: Aumenta o som que é AC/DC.

O vídeo termina com uma frase chave: “Quem dirige o novo Ford Fusion, fez por merecer”. Fantástico! Você não se torna bom por ter um carro, pelo contrário, você só terá esse carro se você for bom. Independente do gênero, não é o automóvel que construirá uma pessoa melhor. O homem não se resume a um bem material.

Além disso, a campanha coloca a mulher no mesmo patamar do homem, podendo também ser capaz. É importante lembrar que a mulher exerce 80% de influência na compra do automóvel*, ou seja, se a propaganda não chama o público feminino para ser seu aliado, certamente ficará para trás: ponto para Ford!

Obviamente não se pode fazer uma comparação tão profunda entre a campanha da Ford com a campanha da FIAT. Os públicos de interesse são distintos. Porém, retorno ao ponto dos valores que se pretende difundir com uma propaganda. Qual direção deve-se adotar para obter vendas sem ter que apelar para o negativo?

*Fonte: www.administradores.com

Mais na Linha:
**Novo Perfil da Mulher Consumidora
http://www.mundodomarketing.com.br/16,9883,novo-perfil-da-mulher-consumidora.htm
H.E.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

MAIS DO MESMO

Não há dúvidas de que a mídia reforça valores já existentes na sociedade. Aproveitar-se disso é uma boa receita para elaborar uma ação de marketing. Mas me questiono onde está a responsabilidade do comunicador? Essa reflexão veio à tona depois que eu assisti a propaganda do Fiat Stilo BlackMotion. Havia preparado um discurso agressivo que no final, me pareceu moralista demais e a linha da verdade e da hipocrisia tornou-se muito tênue. Só que ao mesmo tempo, não podia deixar de comentar sobre meus sentimentos diante da campanha.

Primeiramente, odeio propagandas que colocam a mulher como submissa, troféu de marmanjo ou símbolo de status. As mulheres ainda são criadas assim e no mundo atual, isso gera um conflito interno difícil de administrar. O fato é que elas não deveriam ser expostas dessa forma. Do outro lado, temos o homem que só obtém sucesso a partir do que ele tem. Aquele que tem mais leva o troféu. Não importa mais suas experiências, sua índole, etc. É a história do bom partido que fica ecoando em nossas cabeças.

Os veículos de comunicação estão abarrotados de mensagens desse tipo. São pequenas inserções que juntas causam possuem peso significativo. Ficamos perdidos em informações que pedem para sermos mais humanos e outras que reforçam nosso lado pernicioso. Um anjo e um capeta ao lado das nossas orelhas.

Cenas tão comuns que não causam repúdio, e sim identificação. É lamentável. Será possível vender um produto sem ter que se basear em características negativas das pessoas ou da sociedade? Eu acredito que sim. Está faltando algo novo. As pessoas almejam outra forma de abordagem, mais responsável, social e que realmente ative os valores que estão submersos. Novos rumos farão sucesso.
Continua sendo um breve discurso moralista. Mas sinto que também preciso disso.


Mais na Linha:
**Video da propaganda do Fiat Stilo BlackMotion:
H.E

quinta-feira, 18 de junho de 2009

PROFISSÃO: JORNALISTA

Ontem, quarta-feira (17/06), o STF aprovou a não obrigatoriedade do diploma de jornalista para exercício da profissão. Nosso trabalho foi comparado ao serviço de corte e costura pelo prezado ministro Gilmar Mendes, que considera que a má comunicação não coloca em risco a coletividade.

O Ministro Cezar Peluzo seguiu a mesma linha de raciocínio de Mendes, e completou dizendo que “não existe, no campo do Jornalismo, o risco que venha da ignorância de conhecimentos técnicos”. Por esses depoimentos é possível visualizar certa leiguice sobre a força que os meios de comunicação exercem sobre as culturas, os valores e as escolhas.

O jornalista é visto como a verdade. E é na faculdade que compreendemos a responsabilidade que temos como comunicador, que entendemos o impacto que gera nossas palavras, nossas escolhas e nosso comportamento como difusor de idéias. Aprendemos técnicas para emocionar, recrutar e até mesmo, despertar sentimentos latentes nos seres humanos.

Talvez nossos ministros não tenham noção do risco que tais ações podem gerar. Os maiores prejuízos não costumam causar efeitos em curto prazo, e, além disso, não costumam ser tão palpáveis como a morte de jovens causada por um motorista sem carteira (o diploma de jornalista também foi comparado a uma carteira de habilitação).

Porém, podemos considerar que Gilmar Mendes e Cezar Peluzo, no auge dos seus 53 e 67 anos respectivamente, não presenciaram em 1938 a invasão fictícia de marcianos anunciada pela emissora de rádio CBS (Columbia Broadcasting System) que deixou mais de um milhão de pessoas apavoradas. Eles e seus colegas que votaram contra a obrigatoriedade do diploma provavelmente não entendem o motivo de tanto pânico perante uma adaptação sonora da obra “A Guerra dos Mundos” de Herbert George Wells . Nem Orson Welles, diretor responsável pela transmissão, saberia responder - estudos não eram de grande interesse para ele. Tem uma solução: pergunte ao jornalista.


Mais na Linha:
** Mais sobre a invasão:
http://portal.rpc.com.br/gazetadopovo/cadernog/conteudo.phtml?id=822301

H.E.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

INAUGURAÇÃO

"Leopardos irrompem no templo e bebem até o fim o conteúdo dos vasos sacrificais; isso se repete sempre; finalmente, torna-se previsível e é incorporado ao ritual".

Inauguro meu blog com as palavras de Kafka. Acordei com essas palavras em mente. Fiquei pensando nesses leopardos. Animais que estão em todos os lugares. Bons e ruins, eles forçam a participação no ritual. Tornam-se comuns, habituais, vulgares, evidentes, imprescindíveis, banais... Afinal, quem são eles?

Sem maiores devaneios, pois sabemos que o melhor da inauguração são as taças subsequentes.

H.E.