quarta-feira, 26 de maio de 2010

QUANDO A ESMOLA É DEMAIS...

Uma jornalista me enviou um email dizendo que gostaria de divulgar a empresa que faço assessoria. Pensei: “Uau! Que milagre é esse?”. Afinal, fico o dia todo competindo e implorando algumas linhas dos honrados e dos não tão honrados veículos, arrumando mil razões para indicarem meu cliente e de repente, sem esforço algum, eu ganhei uma nota. Fantástico!

Fiz um release institucional caprichado. Com vírgulas, dados, exemplos e qualidades. Tudo bem objetivo, claro e sucinto – do jeito que jornalista gosta. Enviei. A resposta não tardou. A jornalista me encaminhou um texto de outra empresa e escreveu que desejava o release naquele formato.

Para mim, ela precisava de um texto com mais ou menos o mesmo número de caracteres, parágrafos e com estrutura semelhante. Achei estranho, mas fiz o que foi pedido. Alterações feitas e email enviado. Pronto!

Pronto? Não. Ela novamente me escreveu. Disse que meu texto estava errado e que ela queria um release exatamente igual ao que ela me passou como exemplo. Fiquei me perguntando: eu mandei todas as informações, colocar o texto no padrão da revista não seria uma função dela?

Resultado: meu milagre se transformou em carma. Minha vontade era mandá-la catar coquinho (mentira, eu não pensei em nada bonitinho). Respirei. Pelo cliente, modifiquei mais uma vez meu texto... Pelo cliente. Depois dessa, vou mandar meu cv para a revista com esse release no portfólio. Com certeza, irão me contratar.

domingo, 16 de maio de 2010

A COPA E A ESCOLA

Há duas semanas, Roberto Pompeu de Toledo, em um dos seus maravilhosos artigos, contou um pouco da historia de Neymar e fez um link com a realidade do futebol brasileiro. O texto, publicado na Veja, descreve o crescimento do atleta na sua estruturada família.

No fim, o erro: Neymar largou os estudos cedo. A conclusão: o sucesso do Brasil no futebol deve-se ao fracasso nacional da educação. Enquanto os jovens atletas de outros países de desdobram para conciliar estudos, trabalho e treino, os brasileiros investem tudo no esporte abrindo mão de qualquer outra atividade (menos de fazer filho).

Trabalhei em um time de futebol e pude presenciar esse fato. Uma vez, uma mulher ligou para clube querendo inscrever o filho em uma peneira. Ela me perguntou quais eram os dias de treino. Ao explicar que o menino teria que treinar todos os dias e comparecer aos jogos no sábado, a mulher ficou confusa.

“E o curso de espanhol? E o curso de inglês? Que horas ele vai estudar?”. Do outro lado da linha, eu ri sem graça. Não consegui esconder a verdade, também sou mãe. Respondi que seria uma escolha. Ele teria que se manter matriculado em um colégio, pois, por ser menor, o clube não poderia aceita-lo de outra forma. Mas, que sem dúvida, os estudos ficariam comprometidos. Cursos extracurriculares? Teria que largar. Provavelmente, não daria conta nem do principal.

A mãe pensou. Ficou um bom tempo em silencio. No fim, disse que não sabia se queria isso para filho. Falei para ela pensar e que voltasse a ligar caso quisesse que o filho participasse do elenco do time. Ela não retornou. Naquele dia, percebi que o Brasil havia perdido a chance de ter, quem sabe, um novo artilheiro na copa, mas ganhou a oportunidade de ter um médico conceituado, um empresário revolucionário, um cientista fabuloso...