domingo, 16 de maio de 2010

A COPA E A ESCOLA

Há duas semanas, Roberto Pompeu de Toledo, em um dos seus maravilhosos artigos, contou um pouco da historia de Neymar e fez um link com a realidade do futebol brasileiro. O texto, publicado na Veja, descreve o crescimento do atleta na sua estruturada família.

No fim, o erro: Neymar largou os estudos cedo. A conclusão: o sucesso do Brasil no futebol deve-se ao fracasso nacional da educação. Enquanto os jovens atletas de outros países de desdobram para conciliar estudos, trabalho e treino, os brasileiros investem tudo no esporte abrindo mão de qualquer outra atividade (menos de fazer filho).

Trabalhei em um time de futebol e pude presenciar esse fato. Uma vez, uma mulher ligou para clube querendo inscrever o filho em uma peneira. Ela me perguntou quais eram os dias de treino. Ao explicar que o menino teria que treinar todos os dias e comparecer aos jogos no sábado, a mulher ficou confusa.

“E o curso de espanhol? E o curso de inglês? Que horas ele vai estudar?”. Do outro lado da linha, eu ri sem graça. Não consegui esconder a verdade, também sou mãe. Respondi que seria uma escolha. Ele teria que se manter matriculado em um colégio, pois, por ser menor, o clube não poderia aceita-lo de outra forma. Mas, que sem dúvida, os estudos ficariam comprometidos. Cursos extracurriculares? Teria que largar. Provavelmente, não daria conta nem do principal.

A mãe pensou. Ficou um bom tempo em silencio. No fim, disse que não sabia se queria isso para filho. Falei para ela pensar e que voltasse a ligar caso quisesse que o filho participasse do elenco do time. Ela não retornou. Naquele dia, percebi que o Brasil havia perdido a chance de ter, quem sabe, um novo artilheiro na copa, mas ganhou a oportunidade de ter um médico conceituado, um empresário revolucionário, um cientista fabuloso...

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