sexta-feira, 9 de outubro de 2009

EU, JORNALISTA

Sete anos. Essa era minha idade quando entrei na redação de um jornal pela primeira vez agarrada a uma jornalista, minha tia de coração, que me convidou para conhecer seu local de trabalho. A sala, que era grande, pareceu gigantesca ao meu olhar pueril. Era movimentada e barulhenta. Porém, o som dos dedos datilografando formaram, para mim, a cadência mais encantadora. Foi ali que descobri o que escolheria para meu futuro.

Muito cedo? Talvez. O fato é que o tempo passou e minha opinião permaneceu. Quando ingressei na faculdade, as aulas fixaram ainda mais meu desejo pelo jornalismo. Admirava os mestres. Era atenciosa com as disciplinas. Sentia prazer em estudar. O período universitário foi realmente fantástico: as discussões na sala de aula, as atividades voluntárias, as matérias no jornal experimental, os programas de rádio que eram executados na hora do intervalo, a monitoria nos projetos acadêmicos, as entrevistas, as pesquisas e os estágios que agregaram experiência e conhecimento.

Aprendi que com a profissão eu poderia contribuir para que tudo pudesse funcionar melhor, que poderia fazer as pessoas refletirem sobre os atos, e convidar a todos para pensar em soluções para os problemas que nos afligem. Que eu poderia causar risos, choros e emoção. Mas que não poderia jamais deixar de cumprir meu papel social com os colegas cidadãos visando à construção de um futuro mais digno e mais justo, assim como jurei mais tarde.

[...]

Quase dezesseis anos se passaram depois da minha primeira experiência em uma redação. Muitas coisas mudaram, o som das máquinas de escrever cedeu espaço para uma batida singela do ritmo dos teclados, o dead line chega mais rápido, a informação é mais veloz. E mesmo com essas transformações, todos os dias, acordo com a certeza de que a comunicação é um fator essencial para vida. Pode ser a solução ou o problema. E o caminho que ela seguirá depende de como é conduzida. Para isso, é preciso conhecimento e sabedoria para construir os pensamentos e transformá-los em palavras. Afinal, como citou Machado de Assis, “o jornal é a locomotiva intelectual em viagem para mundos desconhecidos"*. Eu já reservei minha passagem.

*Crônica: O Jornal e O livro, de Machado de Assis. Publicado originalmente no Correio Mercantil, Rio de Janeiro, 10 e 12/01/1859.

Mais na Linha:
** O texto a cima é um trecho da minha singela autobiografia.
** Sei que estou afastada do Blog. Mas aconteceram algumas mudanças na minha vida que me fizeram parar de escrever. Mas agora, tudo se normalizou e estou "na pista". Rs!
H.E.

Um comentário:

  1. Hanna
    Existir é para poucos, e voce existe eternamente e faz parte da minha alma.
    beijosss tia Jacque a jornalista que a levou pela primeira vez a uma redação de jornal. O espaço era enorme, porque ja lhe dizia que aqule espaço seria pequeno para receber a profissional, hoje jornalista, que você seria um dia. Bingo.
    Te amo tia Jacqueline Vitoria

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